quarta-feira, 23 de março de 2011

Presumido motim no Linhó

22 de Março

13h06 - Os chefes de guardas do Linhó decidiram organizar uma punição corporal colectiva na sequência de no passado sábado um preso ter agredido e ferido um guarda com um caixote do lixo. Anunciada a identificação do alegado autor da agressão, pelas 3 da madrugada as rusgas e os espancamentos começaram a ter lugar até pelo menos à altura em que estas linhas estão a ser escritas, à hora de almoço.
Os presos da ala B terão sido postos no pátio e sujeitos a chapadões de cacetadas avulso e indiscriminadas. Suspeitam que se pretenda com este tipo de actuação fechar o RAI que vigora em parte da cadeia.

13h21 - De outra zona da cadeia chegou a informação de a população estar fechada faz dois dias, na sequência de um preso ter sido espancado e levado para local incerto e em condições que se desconhecessem.
O que poderá ter acontecido a este preso justifica a iniciativa de castigo colectivo e as provocações (grupos de dez guardas com bastões percorrem os corredores, ameaçam bater discricionariamente nos presos que bem entenderem, causando um aumento de tensão e à espera de alguma reacção que possa justificar o que está preparado para ocorrer a seguir) como táctica de encobrimento? E a falta de conhecimento da direcção geral sobre o que esteja a acontecer?

15h17 - Durante o trabalho de rusga, castigo e provocação houve guardas que aproveitaram a situação para roubarem os reclusos: esse foi a acusação que nos chegou. Ténis, material electrónico, roupa e outros pertences foram subtraídos aproveitando a confusão.
Um ferido, a quem estão a recusar enviar para o hospital, estará na enfermaria numa situação aparentando alguma gravidade. Pede-se intervenção urgente das autoridades.
Pede-se intervenção urgente das autoridades.

16h32 - Dada a gravidade da situação no Linhó, os presos entraram em greve de trabalho e de fome. Pede-se intervenção urgente das autoridades.
Os presos foram informados por guardas que não estão solidários com os castigos que este tipo de actuação não está concertado com a direcção geral. Interpretações à parte, os presos já perceberam que vão querer “explicar” o sucedido como tendo sido um motim. Por isso os guardas entraram em provocações na esperança de conseguirem um motivo ex-post para expor o sucedido. Entretanto os presos declararam-se em greve de fome.
Pede-se intervenção urgente das autoridades.

23 de Março

10h16 - A tensão no Linhó continua em crescendo: as forças do Grupo de Intervenção dos Serviços Prisionais estão à porta da cadeia, e agora há guardas a ameaçar os presos com uma intervenção iminente.
Esta tensão tem vindo a ser preparada desde sábado, tendo começado nesse dia por impedir o acesso dos presos ao ginásio. Entretanto a escalada descrita anteriormente resultou nas greves de trabalho e fome em protesto contra as provocações. Mas, pelo aspecto, os serviços ainda não desistiram de organizar o motim, que tanto jeito daria para arrasar as provas existentes das provocações.

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