segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Suspeita de armadilha

Helder, preso nº 39 na cadeia do Linhó, foi castigado recentemente numa situação que causou perplexidade aos seus companheiros que o conhecem.

Trabalhava na portaria e, por isso, era diariamente revisto por uma máquina e sujeito a apalpação. Aproxima-se o dia da apreciação judicial da oportunidade de aplicação de liberdade condicional. Não era pessoa envolvida em manobras perigosas, digamos assim: aliás estava em regime de RAVI. Que se teria passado para ser apanhado com um telemóvel e haxixe na sua posse, como consta que foi e como consta da justificação de ter sido retirado do RAVI e posto em castigo? Como correu esse risco sabendo arriscar também a possibilidade de liberdade condicional a curto prazo, que na prática se tornou assim hipótese afastada?

A tradição de vinganças de que se contam histórias entre gerações de presos (e de guardas e outros profissionais também) veio à memória de quem pediu para a ACED pedir uma averiguação da situação. Uma queixa antiga contra um guarda, uma transferência forçada mais recente do mesmo guarda, suspeita-se poder estar na origem do caso. Segundo essa hipótese, cuja verdade não há condições de confirmar por o preso estar incomunicável (pelo menos para os seus antigos companheiros), telefone e haxixe poderiam ter sido plantados para obter o resultado que agora se conhece. Será que ao Helder foram dados meios de denunciar isso, caso algo de irregular tenha acontecido? No castigo quase sempre nada há que permita reclamar contra eventuais manobras destas.

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